Revista Espírita: Diferentes Naturezas de Manifestações

Revista Espírita: Diferentes naturezas de Manifestações












Os Espíritos atestam sua presença de diversas maneiras, conforme sua aptidão, vontade e maior ou menor grau de elevação. Todos os fenômenos, dos quais teremos ocasião de nos ocupar ligam-se, naturalmente, a um ou outro desses modos de comunicação. Para facilitar a compreensão dos fatos, acreditamos, pois, dever abrir a série de nossos artigos pelo quadro das formas de manifestações. Pode-se resumi-las assim:

Ação oculta, quando nada têm de ostensivo. Tais, por exemplo, as inspirações ou sugestões de pensamentos, os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos, etc.

Ação patente ou manifestação, quando é apreciável de uma maneira qualquer.


Manifestações físicas ou materiais: são as que se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como ruídos, movimento e deslocamento de objetos. Essas manifestações freqüentemente não trazem nenhum sentido direto; têm por fim somente chamar a atenção para qualquer coisa e de convencer-nos da presença de um poder extra-humano. 

Manifestações visuais ou aparições, quando o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem nada possuir das propriedades conhecidas da matéria. 

Manifestações inteligentes, quando revelam um pensamento. Toda manifestação que comporta um sentido, mesmo quando não passa de simples movimento ou ruído; que acusa certa liberdade de ação; que responde a um pensamento ou obedece a uma vontade, é uma manifestação inteligente. Existem em todos os graus. 

6º As comunicações são manifestações inteligentes que têm por objetivo a troca de idéias entre o homem e os Espíritos. 

A natureza das comunicações varia conforme o grau de elevação ou de inferioridade, de saber ou de ignorância do Espírito que se manifesta, e segundo a natureza do assunto de que se trata. Podem ser: frívolas, grosseiras, sérias ou instrutivas

As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais maliciosos que maus, e que não ligam nenhuma importância ao que dizem. 

As comunicações grosseiras traduzem-se por expressões que chocam o decoro. Procedem somente de Espíritos inferiores ou que se não despojaram ainda de todas as impurezas da matéria. 

As comunicações sérias são graves quanto ao assunto e à maneira por que são feitas. A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna e isenta de qualquer trivialidade. Toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, e que tenha um fim útil, mesmo de interesse particular, é, por isso mesmo, séria.

As comunicações instrutivas são as comunicações sérias que têm por objetivo principal um ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas e mais ou menos verdadeiras, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para extrair dessas comunicações um proveito real, é preciso sejam elas regulares e seguidas com perseverança. Os Espíritos sérios ligam-se àqueles que querem instruir-se e os secundam, ao passo que deixam aos Espíritos levianos, com suas facécias, a tarefa de divertir os que não vêem nessas manifestações senão uma distração passageira. Somente pela regularidade e frequência das comunicações é que se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos com os quais nos entretemos, assim como o grau de confiança que merecem. Se é preciso ter experiência para julgar os homens, mais ainda será necessário para julgar os Espíritos.


Fonte: Revista Espírita: Janeiro, 1858, nº1 - Páginas 28 a 30

Comentários:

Kardec foi bem claro ao elucidar as diferentes naturezas de manifestações nesse trecho da Revista Espírita. Devemos observar todas estas características e, conforme instruções do Codificador, avaliar com cautela qualquer manifestação, analisar qual a sua natureza e somente com a frequente comunicação e de acordo com o grau de confiança que adquirirmos com a entidade comunicadora é que poderemos avaliar com certa precisão sua intenção ao enviar mensagens a este plano material. É nosso dever interceder nas comunicações como filtro avaliador, para que as mensagens enviadas possam ter sua destinação correta sem efeitos negativos caso um Espírito sem esclarecimento tenha intenção de causar alarde ou discórdia. Entendemos por fim, que a experiência, acima de tudo, é que pode nos moldar quanto a atitude correta no intercâmbio de mensagens.

Até o próximo estudo, fiquem com Deus.

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